novembro 17, 2009

O que diria a menina que eu fui, se me visse hoje?

O que diria a menina que eu fui, se me visse hoje?
Contando segredos a motoristas de taxi... Psicólogos, eu pago regiamente. Tendo como deus mais gentil um blog, e felinos de verdade como companheiros. Despreparada para o amor.
Já não choro por amor, choro quando um homem desvanece, choro em enterros de homens sólidos, daqueles cuja fundação era de pedra. Nosso tempo é aquele que devemos edificar na areia, acreditando ser pedra como diz Borges.
Estou, sempre que posso, tentando despertar a deusa que mora em mim. Mas fica cada vez mais caro o projeto bonita.
Espero ainda o tempo de chegar até mim mesma, mas estou sempre adiando, adiando este momento. Chegar até mim, é o que eu chamo de me tornar sábia. Ando traindo a minha via por nada, nadinha mesmo. Há tempos isso acontece.
Nunca fiz muitos planos, sempre segui um dia de cada vez. As coisas mudam. Tem uma estranha que me olha no espelho agora. Ela é toda diferente, não é mais deslumbrada, quase não sorri, chega a ser monótona. Eu a tolero desde que volte a dançar.
Quem disse que a mudança dói na adolescência, a gente muda o tempo todo, Platão. O devir é inevitável, podemos fingir que não vem. A cada dia, amadurecemos, oxidamos, entortamos, talhamos, etc. e um dia tudo acaba.
O que eu menina pensava sobre uma mulher como sou eu hoje?
A petulância dela me fez ser assim, quase impossível, “ferrada” e um sucesso ao mesmo tempo. Triste e sonhadora, carente e auto-suficiente “afetiva” (quem me dera, mas é algo assim), memoriosa e indiferente, quente e fria. Doce até não poder mais. Eu sei, saiba também, este dia sempre chega, o dia de não poder ser mais doce.
A curiosidade dela nunca morre. O sorriso está mais difícil do que nunca. A curiosidade dela me faz ir ao horizonte. Não, não busco a verdade nem a beleza, sempre busquei foi o encanto. Não temo o canto das sereias... A paixão pelo encanto foi o que a menina que eu fui me deu de presente.